segunda-feira, 10 de março de 2014

Segundo filho. Ter ou não ter, eis a questão...

Se existe algo mais aflitivo que a decisão de se ter um filho, certamente é a escolha de se ter o segundo. Sou contra essa ditadura de 'QUEM TEM UM, NÃO TEM NENHUM' e outras baboseiras do tipo... acho inclusive que filhos únicos podem ser tão ou mais felizes do que pessoas que tem irmãos,  bem estar e felicidade não podem ser medidos por apenas: tenho X não tenho irmãos...mas sei como esse assunto é delicado nos dias de hj, com as mães trabalhando fora cada vez mais, escolas cada vez mais caras e apartamentos cada vez mais pequenos, então vou contar um pouquinho da minha experiência... 

Eu nunca me vi como mãe de uma criança apenas, pra mim eu não teria nenhum, ou teria quase um time de futebol, não porque eu achasse que TINHA que ter mais filhos por causa do esperado pela sociedade, mas porque sempre foi algo que eu achava bacana... Saca aquela coisa de casa grande, cheia de crianças suadas, correndo pelo quintal, escondidinhas dando risadinhas, passando o dedo na sobremesa da ceia de Natal?
...  Então Bibi nasceu e a grande ficha da maternidade começou a pesar...Um turbilhão de questões na cabeça... Será que eu darei conta de amar outro bebê de maneira igual? Será que eu terei condições financeiras de bancar uma segunda criança? Será que eu aguento suportar a privação do sono e fome dos primeiros meses, cuidando de um recém nascido e de um bebezão? Será que meu casamento ficará abalado com a chegada de mais um bebê? É egoísmo da minha parte querer ter outro filho, para minha filha ter um irmão? É egoísmo da minha parte NÃO querer ter outro filho, para me dedicar financeiramente e emocionalmente apenas para minha filha? É bom ter filhos com pouca diferença de idade?... mas como dar toda a atenção necessária aos dois bebês?   É bom ter filhos com grande diferença de idade? ... mas eles podem acabar se tornando dois filhos únicos, por conta dos estágios tão distintos que se encontram... Enfim, de tempos em tempos eu me deparava com essas difíceis questões, mas a verdade é que parecia que o segundo filho já estava entre nós, e que era apenas questão de tempo. E então, quando a Bibi tinha 1 ano e 8 meses, eu e o marido resolvemos numa farra de fim de ano, fazer uma roleta russa, única tentativa de parar com o anticoncepcional, se eu engravidasse exatamente naquele mês, seria a decisão do Poder Superior em nos conceder mais um filho, caso contrário, retornaríamos com nossos métodos contraceptivos e viveríamos felizes para sempre, sendo pais de filha única (até a próxima crise existencial, lógico...rs). E lá estávamos nós, grávidos no mesmo mês. Ver as duas faixas do teste de gravidez de farmácia pela segunda vez foi muito intenso para mim, talvez um pouco mais do que da primeira vez, pq a Tânia.Mãe já tinha nascido e  já conhecia as dores e as delícias que a esperavam... m.a.s o mesmo aparentemente não aconteceu  com a família, os amigos, colegas de serviço e sociedade em geral...Às vezes eu me sentia aquelas mães ribeirinhas com 12 filhos, que as pessoas julgam com desdém e perguntam se não tem televisão em casa, sabe? Minha segunda gravidez foi marcada por um descaso que eu não esperava, com direito a chá de bebê desfalcado e quarto da maternidade com pouquíssimas visitas em comparação ao nascimento da primeira filha... Fiquei um pouco mal, mas bem pouco, mesmo! Afinal eu estava me sentindo quase uma ganhadora do Prêmio Nobel da Coragy Materna...hahaha Não precisava de tanta gente me mimando, pq meu esquema era eu e meu filho contra o resto do mundo, shoremçanguesociedade, já não precisava de aceitações e tapetes vermelhos, não aceitava intervenções.. E é aí que a coisa fica bem boa, porque quando seu segundo filho nasce, vc já nasceu como mãe faz um tempo e vc dá um show: A amamentação rola melhor, vc troca, acaricia, segura, cheira seu filho com uma segurança incrível! Vc sabe que seu bebê não vai morrer quando engasgar com leite, mesmo que ele fique um pouco roxinho e solte leite pelo nariz, vcs sabe desengasgá-lo com um simples assopro no rosto e algumas manobras o corpinho, vc dá banho de balde, faz cama compartilhada com o RN, cutuca aquele umbigo caquento e sangrento com  cotonete com álcool 70% sem o menor pudor e com a frieza de uma enfermeira alemã. Se o bebê chora pra caráleo e parece plantão da telesena em plena madrugada, vc sabe que uma hora vai passar...
Mas veja, de verdade? Não é fácil! É muito difícil administrar o ciúmes, a bagunça, as finanças...  Ter dois filhos é ter muito mais que o dobro de trabalho, pq um acorda o outro, um bate no outro, um quer água, banana e ouvir histórias enquanto vc troca uma fralda com 5kg de cocô amarelo do outro...  Talvez vc tenha que colocar seu primeiro filho numa escola mais chulé pra poder bancar a educação do segundinho... Talvez sua faxineira resolva dar no pé quando seu segundinho tiver 2 meses de idade, talvez sua filha resolva sair demarcando território e fazendo xixi pela casa toda, por M.E.S.E.S, talvez vc descubra que tarefas simples, como ir ao mercado fazer uma despesa, se torne quase uma prova olímpica. Talvez seu segundo filho, ao contrário da primeira, não goste de dormir, NUNCA... talvez ele não durma mais de 50 minutos seguidos no primeiro ano, e que vc tenha que continuar dando atenção da sua outra filha, trabalhando e dando conta dos afazeres domésticos (sua empregada deu no pé, lembra?), talvez sua casa vire um caos de brinquedos e roupas infantis, e que seu segundinho tenha comido massinha, sujeira e caído muito mais que sua primeira filha, talvez vc se sinta uma mãe de merda, esposa de merda, funcionária de merda, por não conseguir dar conta de nada como gostaria.... talvez vc se perca no meio disso tudo. M.A.S, ao final do dia mais turbulento, ao olhar para a cama e ver seus filhos dormindo juntos de mãos dadas, vc saberá que toda essa loucura, VALE A PENA  <3